domingo, 25 de dezembro de 2011

Depois daquela Viagem: é fim do ano!



Uma das boas surpresas desse ano foi entrar no elenco de "Depois daquela viagem". Somos 14 jovens entusiasmados e nos divertimos juntos em cena e juntos fora dos palcos.

A temporada de 2011 foi movimentada. Tivemos estréia e apresentações em um teatro fantástico: o Anchieta do Sesc Consolação e uma segunda temporada em dezembro levando a peça para Santo Amaro, Ipiranga, Bom Retiro e Santo André.

Comemoramos esse sucesso com uma feijoada deliciosa organizada e oferecida pela Roseli, nossa capita dessa produção, com direito a samba, pagode e sertanejo!

Imagino que falo em nome de todos os atores quando digo: Obrigado a todos que estão tornando possível o nosso trabalho! SESC, Qualicorp, Rubayat, todos os nossos patrocinadores e todo nosso público!

Em 2012 vamos com vento em popa! Feliz Natal e até já!

Geraldo

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Novas apresentações do "Depois daquela viagem" no teatro




           Dia 1º de Dezembro  SESC Ipiranga, às 15h 
 
Como 1º Dia de Dezembro é o Dia Mundial de Combate à Aids, haverá após o espetáculo um bate-papo com os adolescentes da comunidade de Heliópolis.


Dia 8 Dezembro  SESC Santo André, às 15h 

Dias 6 e 13 Dezembro  SESC Santo Amaro, às 20h 

Dias 14 e 15 Dezembro  SESC Bom Retiro, às 20h 



Confirmar antes horários, datas e valor do ingresso nas unidades dos SESCs

sábado, 15 de outubro de 2011

Entrevista no Altas Horas

Ontem a Valéria foi entrevistada no Altas Horas, e fomos acompanhá-la. 
Será exibido na Globo dia 29 de outubro.
(Foto:Naiara de Castro, Leonardo Stefanini , Valeria Piassa Polizzi, 
Daphne Bozaski, Maria Bia Martins, Rafael Sola e Geraldo Rodrigues)

  O programa foi bem legal! Os adolescentes e os outros entrevistados ficaram muito interessados na questão da AIDS e na história da Valéria, fizeram várias perguntas para ela. Foi mais um momento maravilhoso que essa peça proporcionou pra nós.
 A atriz e cantora Maria Bia, cantou com a banda do Serginho, uma das músicas do espetáculo e arrasou!!!Foi super aplaudida, deu um show!!! rs
O Serginho divulgou o livro e a peça, a Val  fez perguntas para toda a plateia, numa delas ela pediu para as pessoas que já tinham feito o exame de HIV levantarem a mão, e pouquíssimas levantaram. Esse é o nosso objetivo: através da peça das palestras e entrevistas alertar as pessoas também sobre importância de saber o resultado desse teste, não ter medo de fazer.


Nós estávamos na plateia e fomos apresentados pela Valéria.
Agora estamos todos ansiosos para ver o programa!!!
Bom para mais informações sobre essa entrevista, não percam dia 29 de outubro Altas Horas com Valéria Polizzi, Angela Ro Ro, Zélia Duncan, Maria Clara Gueiros e Mauricio Kubrusly.



Entrevista com cenas da peça


terça-feira, 11 de outubro de 2011

As impressões de Bruna Ventura


Ontém eu fui ver o espetáculo "Depois daquela viagem", baseado no livro de Valéria Piassa Polizzi, direção de Abigail Wimer, em cartaz as quartas e quintas, até 20/10, no Sesc Consolação, as 20h.

E, sabe, eu irei de novo e pretendo levar os meus primos, o meu irmão, a minha avós, os meus amigos. É um espetáculo para jovem. Completamente adequado a faixa etária, o que não significa, em alguma hipótese, que os adultos estejam impedidos de desfrutar, pelo contrário, porque os temas tratados são de relevância universal. E todos PRECISAMOS parar para pensar nessas coisas, sim. Por mais desconfortáveis que elas sejam (sabe aquela história de o amor ser importante, porra? Pois é... tem a ver com isso).

Confesso que eu estava com medo de assistir a montagem. Quando a minha amiga Renata Fasanella, atriz que faz, de uma forma bonita, trabalhada e entregue, uma das facetas da protagonista, me contou que havia passado no teste para esse projeto, temi que fosse mais uma dessas peças caça-níquel, de auto-ajuda, onde a poesia é substituída pelo didatismo barato, chato e bobo... e olha só, quantos rótulos eu coloquei, só nesse primeiro pensamento pseudoanalítico e repleto de pré-conceitos (afinal, eu nem sabia mesmo como é que eles conduziriam tal processo)... Talvez por essa minha tendência a rotular toda e qualquer coisa cotidianamente, o tema de maior relevância enquanto estive sentada na poltrona do teatro ontém, foi o preconceito.

Eu li o livro Depois Daquela Viagem em 1997, ano de lançamento do próprio, porque o meu pai, policial rodoviário, aparentemente ajudou algum dono de livraria na estrada e ganhou alguns exemplares diversos. Dentre eles, o tal. E eu havia lido uma entrevista sobre ele com a autora, numa dessas revistas adolescentes, que eram muito comuns nos meus tempos teenagers... Eu tinha 10, quase 11 anos e já havia visto pessoas próximas morrerem de AIDS. E aquilo era assustador... a aparência física dos pacientes terminais... Sempre me impressionei com essas coisas... e as descrições da minha mãe, técnica de enfermagem. Descobrir-se portador do vírus era sentença de morte. E rápida. Claro que além de tudo vinham os rótulos... porque a doença era de viado, artista, drogado, toda essa gente que era classificada como Grupos de Risco. E ai, se alguém começasse a emagrecer demais... era "aidético", claro. Então veio o livro da Valéria. E, pela primeira vez, eu tive uma perspectiva outra de tudo aquilo. A vida. Pela primeira vez eu pensei no fato de que a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, em si, era apenas uma característica, um fator de mudanças numa vida, assim como casar, perder alguém, amar alguém, sofrer um acidente, ter um filho, ter o coração partido, perder um membro do corpo... essas coisas que mudam a vida da gente para sempre e que, se a gente aprende a (con)viver, e se torna um ser humano melhor. Repeti a leitura e emprestei o meu exemplar para alguém que nunca me devolveu (e tudo bem, porque os livros estão é para serem lidos, para viver de mão em mão, por aí). E foi uma leitura tão importante, que eu ainda tinha frescos trechos inteiros aqui, dentro da cabeça...

E aí, ontém, quatorze anos depois da minha primeira leitura, ali estava, encenado. Eu, que gostei de todos os trabalhos que a Abigail dirigiu, desde que a conheci, e sempre achei bem bacana mesmo o quanto ela trabalhava humanamente com os atores (e isso faz tanta falta no teatro, no cotidiano... essa humanidade...), fiquei realmente surpresa com a energia e o envolvimento dos quatorze jovens atores, conduzidos por ela, bem diferentes, com vidas bem diferentes, dando um cacete em muito GRUPO de teatro que se vê por aí. E porque assim foi? Porque a Abigail, e cada um dos meus quatorze companheiros de profissão, jovens e meio crus, como eu, além dos outros membros da equipe, entenderam a necessidade de se trabalhar com o material HUMANO que é a força motriz do teatro. E as falhas técnicas, o que ainda não amadureceu, os defeitos, as escorregadelas, as opções não tão legais de encenação, tudo isso existe e contribui para humanizar, ainda mais o que vemos em cena. Se trata de um teatro de jovens, para jovens, com tudo o que isso significa.

E o que eu vi, realmente, foi uma Valéria Polizzi (brechtianamente!) muito bem representada por tres atrizes talentosas e esforçadas, a energia e o prazer contagiante de estar em cena da Daphne Bozaski, menina de puro carisma e talento bruto a ser lapidado pela prática (porque isso é trabalho de ator, né!), pela força e familiaridade com o palco, que tem a Naiara de Castro, e pelo trabalho duro, a disponibilidade e o brilho dos olhos da Renata Fasanella. E o elenco todo: Camila Minhoto, Leonardo Stefannini, Maria Bia, Mariana Leme, Eliot Tosta, Geraldo Rodrigues, Osvaldo Antunes, Carol Capacle, Giovani Tozi, Rafael Sola e Charlene Chagas, com uma disponibilidade, de grupo mesmo, para o jogo e para fazer acontecer... um entusiasmo sabe, daqueles que fazem a gente sentir prazer como espectador, e nem se dar conta que se passaram quase duas horas das nossas vidas. Eu vi sensibilidade, inteligência e humanidade.

E eu vi a Valéria, de verdade, no final da peça. Porque ela estava lá, acompanhando o processo de encenação daquele que foi o seu primeiro livro. E, sim, ela continua bem, bonita e vivendo.Ela nem imaginava o quanto fez parte da minha adolescência, claro. Eu precisei dizê-lo e abraçá-la por todas aquelas crônicas que ela escrevia e eu acompanhava, mensalmente, na revista Atrevida, por ter escrito esse livro e me proporcionado outras visões, diferentes daquelas da minha casa sobre o HIV... e sobre o preconceito... É bem difícil se livrar dele, eu sei bem... via de mão-dupla... a gente nutre alguns, a gente sofre outros...

Depois, fomos jantar. E depois de jantar, eu ainda saí com a Rê, para beber... e não parei de pensar em diferenças, preconceitos e mudanças a noite toda. Ainda estou pensando e espero pensar sempre. Espero também viver com as aplicações práticas, porque para isso servem as reflexões, para desencadear ações. Creio que essa capacidade provocativa, foi para mim, o trunfo maior do espetáculo e do livro. Que bom. Porque o mundo anda precisando mesmo de Re- flexões, de flexibilidade, de humanidade, de amor... (tá, é brega mesmo, mas é verdade!).

Aos envolvidos todos, fiquei triste e feliz e esperançosa e estranha e pensando. E isso é bom.

Aos que não viram, recomendo.

Aos que não leram, recomendo.

Que venham viagens, sempre transformadoras. E que nós desenvolvamos a capacidade de só repetir as boas.


Lindas impressões!! Obrigado por compartilhar, Bruna!

domingo, 2 de outubro de 2011

Três atores do elenco de 14: leiam o que eles pensam

Conheçam um pouquinho mais sobre 3 dos 14 atores jovens, talentosos e belos que vão participar da peça DEPOIS DAQUELE VIAGEM, que estreia esta semana no Sesc Consolação, às quartas e quintas, 20h.
http://www.agenciaaids.com.br/noticias/interna.php?id=17822
Com 14 jovens atores no elenco, a peça “Depois Daquela Viagem”, dirigida por Abigail Wimer, estreia na próxima terça-feira no Sesc Consolação, em São Paulo, com apresentação exclusiva para convidados. De 5 a 20 de outubro, sempre as quartas e quintas-feiras, às 20h, a peça estará aberta ao público com ingressos nos valores de R$ 2,50 a R$ 10,00.

Adaptação de Dib Carneiro Neto do livro homônimo de Valéria Piassa Polizzi, o espetáculo conta partes da adolescência e juventude de Valéria, que se infectou com o HIV na sua primeira relação sexual. E a partir deste diagnostico, o preconceito aparece na trama sob várias formas: raça, deficiências físicas, sexo, entre outras.

A produção do espetáculo é dirigida pela jornalista, apresentadora e produtora cultural Roseli Tardelli; o cenário e figurino são assinados por Márcio Medina e a luz é de Domingos Quintiliano.

Conheça alguns dos atores:
Geraldo Rodrigues

Personagens:
“Dr. Infecto”; Cristiano, um amigo de Valéria no Instituto Emílio Ribas; e Kef, um norte-americano com deficiência física.

Nascido em São Paulo, Geraldo cresceu em Indaituba, interior do Estado. Ele conta que se tornou ator como forma de diminuir sua timidez e considera sua participação no filme “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas, como seu trabalho de maior repecurssão até o momento.

A peça: “Já conhecia o livro da Valéria desde que era adolescente e ainda me lembrava dele porquê ela aborda a sexualidade de uma forma muito leve, sem tabus e sem floreios. Fazer a peça me despertou para esse lado mais leve da vida: a urgência que a Valéria tem de aproveitar o momento mais profundamente e a curiosidade e desprendimento que ela tem me inspiram a seguir o mesmo caminho.”

Aids: “A peça me lembrou da necessidade de me cuidar em todas as relações e a tratar esse tema íntimo que é o sexo com mais abertura, mais flexibilidade, afinal, todos merecem ser felizes e sentir prazer da forma como quiserem.”



Mariana Leme
Personagens:
A primeira médica a suspeitar do HIV em Valéria; Renata, uma amiga de Valéria na época de escola; uma enfermeira; e uma garçonete americana.

A paulistana de 26 anos é formada pelo Teatro Escola Célia Helena, já atuou em dois filmes de longa-metragem e participou de 17 peças teatrais.

A peça: “Depois Daquela Viagem fala de força de vontade, da esperança, do fim dos preconceitos, da efemeridade da vida e como podemos traçá-las a nossa maneira.”

Aids: “Estar em contato com esta história me alertou da importância do tema e da prevenção. Hoje sou mais alerta, esperta e compreensiva com o próximo.




Rafael Sola Personagem:
Lucas, um amigo suiço da Valéria.

Nascido em Sorocaba, o ator e publicitário de 27 anos conta que sempre foi apaixonado por cinema e por poder "viver outras vidas". Rafael participou da premiada peça “O Colecionador de Crepúsculos”, de Vladimir Capella.

A peça: “Percebi que nada é impossível quando temos realmente vontade de viver”.

Aids: “Eu sempre fui uma pessoa prevenida com relação as DST, mas muitas vezes isso cai numa situação rotineira, o que pode ser perigoso. Essa peça vem pra ativar em 100% a atenção com relação a prevenção, mas o que mais me marcou até então foi a questão do preconceito. É incrível como o preconceito está presente em nossas vidas e a vezes nem nos damos conta, seja com a pessoa portadora de um vírus ou com a aparência física, religião etc. E fazendo esse espetáculo, vivenciando de perto essa historia de coragem, persistência, de luta, de amor à vida, que é a história da Valéria, eu posso dizer com toda certeza que vejo de outra maneira o real sentido da vida.”



Ficha Técnica
 

Texto:  Dib Carneiro, baseado no livro de Valéria Piassa Polizzi
Elenco: Camila Minhoto, Carol Capacle, Charlene Chagas, Daphne Bozaski, Eliot Tosta, Geraldo Rodrigues, Giovani Tozi, Leonardo Stefanini, Maria Bia Martins, Mariana Leme, Naiara de Castro, Osvaldo Antunes, Rafael Sola e Renata Fasanella.
Direção e direção musical: Abigail Wimer
Assistente de direção: Alcione Alves
Direção de ator: Silen de Castro
Direção de Produção: Roseli Tardelli
Cenografia e Figurinos: Márcio Medina
Iluminação: Domingos Quintiliano
Trilha Sonora: Ed Côrtes
Fotos: João Caldas
Ilustração: Gilberto Miadaira
Produção: Maurício Barreira
Assistente de Produção: Gabriela Palumbo
Assistente de Produção de Ensaio: Françoise Plas
Pré-produção de Casting: Jeanne de Castro
Assistente de Produção de Casting: Pedro Duarte
Preparação Corporal: Fernando del Santo e Helena Castro
Assessoria de imprensa: Arteplural

Redação da Agência de Notícias da Aids

terça-feira, 27 de setembro de 2011

UM ARTIGO MEU SOBRE O PRAZER DE ADAPTAR O LIVRO DE VALÉRIA PIASSA POLIZZI PARA O TEATRO

http://www.agenciaaids.com.br/artigos/interna.php?id=365

Depois Daquela Viagem: viver, fazer e acontecer – na companhia de um vírus chamado HIV. Dib Carneiro é jornalista e dramaturgo  

O que mais me impressionou no livro best seller de Valéria Piassa Polizzi, DEPOIS DAQUELA VIAGEM (editora Ática), foi a palavra VIDA. Uma adolescente de 16 anos nos ensina o que deveria ser óbvio ululante: que um portador do vírus da aids pode, sim, usar muito mais o verbo VIVER do que o verbo MORRER em seu vocabulário. Pode, sim, fazer planos, fazer sexo, fazer amigos, fazer viagens, fazer, fazer, fazer...e acontecer.

Esta lição impactante e totalmente solar me fez voltar todos os esforços criativos de dramaturgo-aprendiz para uma adaptação teatral que fosse – como o livro de Valéria, como a VIDA de Valéria – um convite ao sol. Here comes the sun...

Valéria joga a vida para a frente, e seu livro tem um frescor narrativo que é impressionante. Por isso, procurei sugerir linguagens e estéticas que se aproximassem o mais possível da energia da juventude e desse lindo relato autobiográfico ‘imberbe’, carregado de hormônios e acnes, transbordante de cólicas, dúvidas e descobertas.

Fiz de tudo para manter na estrutura dramatúrgica o alto-astral que ela usa nos escritos do livro. Fiz de tudo para ampliar a questão de ‘saber lidar com o HIV dentro do corpo’ para além do universo (até hoje ainda sofrido e muitas vezes solitário) de quem convive com essa adversidade, pois, de novo, o livro também não se fecha apenas nessa questão.

Na verdade, ‘aprender a viver com o vírus da aids’ é um mote, um ponto de partida para que se discutam todos os tipos de preconceito que enfrentamos ao longo da existência. É um espetáculo que acaba se encaixando bem no tema tão explorado atualmente pela mídia que é o tal do bullying (assédio moral). É na adolescência que mais corremos o risco de enraizar dentro de nós os diversos tipos de preconceitos.

Espero que o espetáculo alerte sobre isso e abra um pouco mais a mente do público para as diferenças, sejam quais forem essas diferenças. Tanto que a peça, assim como a primeira página do livro, começa de forma bem esquemática, listando palavras que são perigosas porque podem ser usadas como rótulos cruéis: “rico, pobre, branco, preto, ruivo, gordo, vesgo, feio, careca, fanho, judeu, muçulmano, downiano, travesti, comunista, surdo, gago, aleijado, gay, idoso, corcunda” e assim por diante.

Também procurei fazer uma adaptação que, pretensiosamente, admito, resultasse em uma ‘peça para todos’, não só para adolescentes, pois não acredito, de forma alguma (e pratico isso em minha atividade como crítico de teatro), em acomodar a arte em gavetas castradoras e limitadoras. Quero que as peças sejam, antes de mais nada, boas, pois é isso que vai atrair público e não a divisão em faixas etárias.

Criei cenas ágeis e numerosas, tentando imprimir um ritmo bem vertiginoso à trama. Aposto em uma encenação que privilegie as intenções frenéticas dessas inúmeras cenas curtas que imaginei, uma atrás da outra, como são as coloridas e truncadas e desordenadas e confusas e espontâneas páginas de um diário de adolescente. Um diário de bordo, depois daquela viagem. Embarquem, desarmados, pois lá vem o sol...

Dib Carneiro é o autor da peça Depois Daquela Viagem, foi editor do “Caderno 2” do jornal O Estado de S.Paulo por quase vinte anos e integra a Associação Paulista de Críticos de Arte.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ENTREVISTA DA VALÉRIA PARA DIÁRIO DE CUIABÁ

http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=398262

ADAPTAÇÃO


Depois daquela viagem


Há mais de vinte anos escritora lançou livro, que vai para o teatro, narrando experiência como portadora do HIV


Martha Baptista
Da Reportagem


Na segunda metade dos anos 1980, quando o assunto Aids ainda era um imenso tabu, a paulistana Valéria Piassa Polizzi contraiu o vírus do hiv depois de um inocente cruzeiro ao lado da família, em que conheceu seu primeiro namorado. Durante um bom tempo sofreu muito com o estigma de que a doença matava e achou que não teria muito tempo de vida. Hoje, mais de 20 anos depois, Valéria é uma escritora consagrada e aguarda ansiosamente a estreia da peça “Depois daquela viagem”, uma adaptação do livro lançado por ela em 1997.

“Depois daquela viagem – diário de bordo de uma jovem que aprendeu a viver com aids” (Ática) foi traduzido para vários idiomas e lançado com sucesso em diversos países europeus e da América Latina. Virou referência para uma geração de jovens, que assistia a palestras com a autora em que ela alertava para os riscos do sexo sem o uso de preservativos. A obra não perdeu sua atualidade e prova disso é sua adaptação para o palco, 14 anos após o lançamento da primeira edição brasileira. A estreia da peça “Depois daquela viagem” está marcada para o dia 5 de outubro, no Sesc Consolação, em São Paulo.

A própria Valéria está entusiasmada com essa nova aventura, principalmente, por confiar tanto na equipe que trabalha na adaptação teatral. Na verdade, essa viagem começou há 10 anos, segundo a autora, quando o jornalista e crítico de teatro infantil Dib Carneiro Neto, procurou-a para dizer que tinha adaptado seu livro para palco.

Dib, continua Valéria, estava iniciando sua carreira de dramaturgo e esse era o segundo texto que adaptava.

“Li e gostei muito. Dib é um ‘adaptador’ sensível. Conversamos, trocamos ideias, ele entendendo as minhas, eu as dele. O texto da peça ficou redondinho, só faltava ser montada”, conta a autora seu blog “Meus quipus”(http://valeriapiassapolizzi.blogspot.com/)

OS CORUJINHAS

Enquanto Dib iniciava uma carreira vitoriosa como dramaturgo, Valéria ia tocando a vida como escritora (ela tem outros livros publicados), cronista (de revistas teen como “Atrevida”) e estudante (formou-se em Comunicação Social-Jornalismo e fez uma pós-graduação em Criação Literária). Casou-se e hoje vive boa parte do ano na Europa, ao lado do marido austríaco.

No ano passado, o projeto “Depois daquela viagem” no teatro retomou seu fôlego, com a entrada da jornalista e produtora Roseli Tardelli, com quem Valéria trabalhou por um tempo na Agência de Notícias da Aids. Roseli convidou as gêmeas Abigail Wimer e Alcione Alves para dirigir o espetáculo.

“As gêmeas e mais três irmãos - a família coruja tem muitos artistas - formavam um grupo musical e de teatro infantil, Os Corujinhas, que encantaram crianças nas décadas de 70 e 80. Inclusive eu, que tinha até o LP deles!” – relata Valéria, que diz ter se apaixonado “à primeira vista” pelas irmãs.

O elenco de 14 atores foi escolhido por meio de testes e Valéria está acompanhando todo o processo por meio do blog criado especialmente pela equipe da peça:http://depoisdaquelaviagemteatro.blogspot.com/

AUTOBIOGRAFIA


A autora conta que voltará ao Brasil no próximo dia 12 para acompanhar o último mês de ensaios. O livro “Depois daquela viagem” resiste ao tempo e se mantém atraente para jovens e adultos não só por tratar de uma doença ainda atual, mas por tocar em temas que são universais e perenes: como conflitos familiares, a descoberta e as decepções com o primeiro amor na adolescência e, principalmente, a angústia diante da possibilidade da morte quando ainda não se completou o primeiro ciclo da vida.

O livro tem algumas semelhanças com outro sucesso editorial brasileiro, o romance “Feliz Ano Velho”, escrito por Marcelo Rubens Paiva e lançado em 1982. Esta obra também parte de um drama pessoal (o autor ficou tetraplégico depois de bater a cabeça numa pedra num lago) e narra várias experiências de Marcelo, que é filho do deputado Rubens Paiva, assassinado durante a ditadura militar após ter sido levado para o quartel da Polícia do Exército, no bairro carioca da Tijuca. “Feliz Ano Velho” também foi adaptado para os palcos e, mais tarde, virou filme dirigido por Roberto Gervitz (1987).

sábado, 17 de setembro de 2011

Minha vida nessa viagem...

Bom, pra começar deixa eu me apresentar.
Sou Eliot tenho 23 anos e a notícia de fazer parte dessa jornada veio com um pouco de susto. Não tinha noção nenhuma do que aconteceria e nem de onde iria chegar.
Fiquei sabendo que faria parte do grupo em uma segunda-feira, após um fim de semana triste que deixei de ir para o interior ver minha família e amigos porque queria muito ser chamado para um teste. Muitos dos meus amigos foram chamados, inclusive os que eu indiquei e eu não. Então viajei.
Por isso acredito que nada acontece por acaso. Na segunda de manhã, desconsolado, eu ali vendo meus emails pensando em dali em diante, alguns projetos, mas que dependiam de outras pessoas, e o que fazer pra “agilizar”... Até que eu abro um email e esta falando mais ou menos assim: “segue abaixo a lista dos aprovados para a peça Depois daquela viagem, dirigida... com assistência de... adaptada por... livro de...” E fui descendo para ver os aprovados. Acho que o segundo ou terceiro nome era de uma amiga e agora companheira de peça Carol Capacle. Peguei o celular na hora pra ligar parabenizando e para perguntar se já estava sabendo, quando desço um pouco mais e encontro meu nome na lista e o da Charlene que havia feito o teste comigo. Na hora não acreditei, reli o email, liguei pra Carol e ela disse que já sabia, pois havia recebido um email antes, mas que faltavam mais alguns integrantes. Logo após liguei pra Charlene para avisar, que ainda não havia visto o email, ela também foi da segunda remessa de testes. Em falar nisso obrigado Caio pela indicação.
E foi aí, depois de fortes emoções que descobri que estava dentro desse lindo projeto. E fui descobrindo coisas e aprendendo muito com a temática que ele aborda, a AIDS. Passamos por conversas, debates com gente que entende muito do assunto, dados, como é receber a notícia, como o preconceito ainda é muito forte e muito mais. Entramos em um universo que por falta de informação era quase que desconhecido, e na verdade está muito mais presente em nossas vidas do que imaginamos. Aprendi isso em alguma de nossas conversas, quando foi citado que muita, mas muita gente é portadora do vírus, mas não tem conhecimento.
E também não podemos esquecer-nos das nossas conversas de roda, que foram e ainda são fundamentais. Onde se discute bastante, levantamos duvidas para tirar com o especialista, contamos “causos”, trocamos informações, riamos muitos, nos emocionamos muito, e assim o grupo Depois daquela viagem foi se formando.
Nossa eu vim aqui pra falar da conversa com o Infectologista, mas acabei narrando toda minha trajetória antes.
Bom, tivemos duas conversas com o Infecto, inicialmente certo receio em perguntar, mas com o passar do tempo tivemos uma chuva de perguntas, o segundo encontro então nem se fala. Se houver um terceiro encontro tenho certeza que questionamento não vai faltar. Perguntamos muitas coisas, desde como surgiu, como foi o início aqui no Brasil, como as pessoas lidaram e lidam o surgimento dos remédios. Como a peça trata do assunto visto por vários pontos de vista, queríamos a maior quantidade de informação. É difícil citar uma única coisa que aprendemos, porque aprendemos MUITO.
Pra falar sobre mudança de conceitos não posso falar pelo grupo, pois tenho certeza que diante cada pergunta um filme se passava em cada cabeça. Saber como é difícil o tratamento e seus efeitos. Até mesmo na aceitação do paciente em começar a tomar os remédios, em contar para as pessoas e como contar. Ai entra numa questão muito pessoal, tenho certeza que todos nós que entramos nessa jornada já nos colocamos no lugar, como agiríamos, pra quem contaríamos. Eu vim ler o livro depois da peça, emprestado da menina que mora comigo, que ela leu na sétima série, e a cada momento e cada passagem eu imaginava como devia ser difícil e como eu agiria. Uma catarse. Fico imensamente agradecido de estar vivendo tudo isso, essa peça me despertou em muitas coisas, da precaução aos valores e como conduzir a vida. Acho que fui um pouco confuso né? Queria inicialmente falar da conversa com o Infecto mas dei voltas e cheguei aqui. Acho que viajo muito nos meus pensamos, preciso de um mapa pra não me perder. RSRS
Então é isso, agradeço o aprendizado de cada dia e a todos que estão conosco nessa linda viagem. Nada acontece por acaso. Beijos.
Eliot

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sobre transformação e flores inesperadas

"Qual é o sentido da vida?" a nossa Valéria pergunta no texto, a resposta se borra na beleza das nuvens que passeiam no céu. O sentido eu não sei, mas tenho uma certeza: a vida só vale a pena quando estamos porosos para recebe-la, quando somos abertos a entender, ouvir e perceber aquilo que nos cerca. Participar desse processo de criação, mais do que mergulhar na vida de uma já íntima Valéria, tem me despertado novas sensações, diferentes pontos de vista e uma nova percepção sobre mim.


A urgência do dizer das palavras do livro, que foram organizadas no texto, agora ardem nesse meu corpo incadescente de ator e me fazem ter vontade de leva-las ainda mais adiante como uma grande corrente, uma onda de transformação, pois é disso que falamos, transformação. De idéias, conceitos, comportamento, vida.




Um lugar que antes era escuro, tem se tornado cada vez mais claro, mais nítido, e não foi o lugar que se modificou foi o meu olhar sobre ele, foi o meu entedimento sobre tudo isso. A vontade de dividir esses pensamentos já é muito grande, a satisfação em compartilhar essas idéias cotidianamente tem sido enorme por ser com pessoas tão especiais. Como a beleza inesperada de flores desabrochadas num caminho, a lua cheia da noite sozinha, a música certa, a força de um grupo, a certeza de uma bela e inesquecível viagem.


por Giovani Tozi

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Nós também estamos nos informando sobre a aids!



Além de ensaios para levantar as cenas e descobrir os personagens, preparação corporal e vocal, para montar o "Depois daquela viagem", nós – o elenco, direção e produção – estamos nos familiarizando com tudo que se sabe sobre o HIV e sobre a vida das pessoas que são portadoras do vírus. Isso é importante, pois assim podemos tratar do tema com mais propriedade.

A conversa, ou melhor, as conversas que tivemos com o Dr. Esper Kallas, médico infectologista dos mais apaixonados pelo tema, por seus estudos e por seus pacientes, nos deu uma excelente base sobre as formas de transmissão e de prevenção, o preconceito que ainda ronda o HIV, as formas de tratamento e a relação dos portadores com seus familiares, amigos e com sua própria vida.

Em primeiro lugar, a designação correta é "portador de HIV" ou “pessoa que vive com HIV”. Isso foi adotado para diminuir o estigma que acompanha quem contraiu o vírus. A aids é a designação da doença, um quadro de saúde debilitada onde as células CD4 responsáveis pela imunidade do organismo estão em número reduzido por milímetros cúbicos de sangue e o numero de vírus está alto.

Graças ao avanço da medicina e das pesquisas farmacêuticas, os remédios que existem hoje em dia permitem limitar a reprodução dos vírus dentro do organismo, controlando assim sua proliferação. A parte negativa é que para cada pessoa pode existir um efeito colateral (alergias, disfunções intestinais, sindrome metabólica, lipodistrofia, etc) dependendo do remédio e do organismodo paciente.

O Brasil (sim, há muito de que se orgulhar no nosso país!) foi o primeiro no mundo a disponibilizar o coquetel gratuitamente para quem é portador do vírus. Se em algumas posturas ainda estamos atrasados, nesse caso fomos pioneiros!




Contágio através do sexo

No contágio sexual a prática de maior risco é a relação anal desprotegida. Isso porquê o ânus é uma região de alta absorção (o intestino todo tem essafunção absorvente) e isso torna mais fácil a transmissão do vírus.

A segunda prática de maior risco é o sexo vaginal sem camisinha. E quem é mais vulnerável é a mulher, já que todo o canal vaginal é recoberto por mucosa, uma pele fininha, fácil de romper e de se tornar uma entrada para o vírus.

Mas é claro que em ambas as situações – tanto no sexo anal, quanto no vaginal o dono do pênis também corre risco, pois apesar de sua pele ser mais firme ao redor do corpo, a cabeça é coberta de mucosa.
O caso menos comum de contaminação é com o sexo oral (tanto no homem quanto namulher), necessitando haver contato do sangue ou sêmen contaminados com um machucado na boca de quem está fazendo o sexo oral.



Informação com carinho


A riqueza das conversas com nosso "Dr. Afeto" (não contive a piadinha, a Valéria tem o dela, nós agora temos o nosso!) veio também da sua experiência de ter se tornado infectologista há vinte anos atrás, quando o medo de fazer contato com os pacientes era enorme e as mortes muito comuns.

As histórias que compartilhou conosco dessa época nos emocionaram e sem dúvida vão acrescentar à nossa compreensão do tema, aparecendo no palco, seja na interpretação dos médicos, dos enfermeiros ou da própria Valéria e seusfamiliares.

Obrigado Dr. Esper!Você é um artista da medicina!


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Inspiração e processo de criação, por Daphne


   
       Chego em casa muito empolgada pra falar e comentar tudo que está acontecendo nos ensaios. E e se por um momento paro e fico em silencio, logo vem a peça. Estou anciosa, dá vontade de que a semana não acabe...rs
           
Hoje ouvimos a trilha dos monólogos das "Valérias", muito bom! Dá uma vontade de ver tudo pronto. É ótimo que estamos caminhando pro sentido que queríamos.
           
Cada dia fico mais empolgada com o que estamos trabalhando. Ficará lindo, tenho certeza. A história da Valéria mexe muito, e vive-la está sendo um presente da vida!
           
Saber que vamos contar essa história pra muitas pessoas, que vão sair de lá com outra visão sobre muitos assuntos, não só a aids, é incrivel!
           
Acho que a função do teatro é  mexer e bagunçar mesmo com a cabeça das pessoas. Essa arte é linda, pela forma que toca lá no fundo. E sei que quando elas ficarem em silêncio a peça virá na cabeça delas também.
E como é bom falar de preconceito, amor de afeto  (Afeto que também temos todos).
           
Então que por essa peça, por este blog e pela Valéria conversemos sobre esse e outros muitos assuntos de tanta importância.   
      
Bem, dia 5 de outubro estreiamos!!Todas as energias boas pra essa temporada e para muitas que virão!   
        
Daphne Bozaski

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Abigail Wimer e Roseli Tardelli convidam prefeito Gilberto Kassab para estreia




 A produtora Roseli Tardelli convida o prefeito Gilberto Kassab para a estreia da peça

A diretora Abigail Wimer e a produtora Roseli Tardelli prestigiaram a inauguração do Sesc Bom Retiro no sábado. Várias autoridades e representantes da comunidade do bairro estiveram presentes ao evento. Lá, Roseli e Abigail convidaram o prefeito Gilberto Kassab para a estreia da peça e conversaram com o presidente da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), Abram Szajman, entusiasta da montagem de "Depois daquela viagem" e parceiro de Tardelli na luta contra a aids. A montagem do espetáculo conta com o apoio do Sesc e do Senac.

Roseli Tardelli, o presidente da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) Abram Szajman e a diretora Abigail Wimer

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Nossa primeira leitura!



Oi queridos,

estou escrevendo pra contar como foi o impacto da nossa primeira leitura. Na época eu escrevi esse texto pra compartilhar com meus amigos e ele cabe no nosso blog, pra todos que quiserem acompanhar as notícias sobre nossa montagem!
Aí vai:



Depois daquela viagem

Hoje comecei uma viagem nova: é uma peça de teatro. Vamos (sim, é um grupo!) montar uma adaptação do livro Depois daquela viagem de Valéria Piassa Polizzi.
A história é conhecida de muita gente. Valéria contraiu o vírus da AIDS ainda nos primórdios da doença no Brasil e no mundo e passou por uma experiência dura de internações, preconceito, perda da saúde. O livro é um romance em que ela conta tudo pelo que passou, ao mesmo tempo em que reflete e compartilha o que aprendeu com tudo isso. A peça vai seguir o mesmo caminho.
Somos um elenco jovem, com média de idade de vinte e cinco anos. São oito mulheres e seis homens se revezando em vários personagens para contar a história da Valéria.
Quando terminamos a leitura da peça hoje, eu tive uma sensação muito boa com relação à montagem: temos uma história linda para contar! Sim, linda! A maior qualidade da Valéria no seu livro e nessa peça é que ela usou tudo pelo que passou para rever seus próprios preconceitos e para alimentar o sonho de um mundo melhor, onde a cultura ajuda as pessoas a se aproximarem, num processo infinito de rever os próprios pontos de vista e de mudanças. Linda também porque a experiência de saber através da doença que pode haver um fim para o que estamos vivendo traz uma sensação de urgência e ao mesmo tempo de fruição para Valéria: as conquistas mais simples passam a ter outro valor, as relações passam a ter outro sabor, o amor passa a ter outro significado.
Eu estou muito agradecido à Valéria pela coragem de escrever tudo pelo que passou num livro tão sensível, divertido e tocante e estou feliz de começar essa nova viagem. Sinto vontade de dizer como escutava meus colegas dizerem quando eu ainda estava na escola de teatro: Que seja doce!
Um beijão e boa semana!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Atores, produtores, diretores e apoiadores se reunem em almoço e se mostram tocados pela temática da aids

(Foto: João Caldas)
Os atores, os diretores artísticos, o pessoal da preparação corporal, os responsáveis pelo figurino, pelo cenário e pela divulgação do espetáculo “Depois Daquela viagem” irão chegar ao final do processo de montagem dessa peça mais atentos para as questões que envolvem a discriminação e a aids.

Na sexta-feira passada, durante um almoço em que foram convidadas todas as pessoas envolvidas até o momento na execução do espetáculo, a aids foi citada na maioria das conversas da confraternização. “Estamos aqui todos se conhecendo melhor, criando mais intimidade, se divertindo e falando sobre aids”, comentou a jornalista Roseli Tardelli, produtora geral da montagem e organizadora do encontro, realizado no Rubaiyat da Alameda Santos, com o apoio do proprietário do restaurante, Berlamino Iglesias.

A diretora Abigail Wimer, o autor Dib Carneiro e a produtora Roseli Tardelli (Foto: João Caldas)

 Adaptada para o teatro por Dib Carneiro Neto, a peça conta a história do livro homônimo escrito por Valéria Piassa Polizzi, hoje com 40 anos. Quando adolescente, Valeria se infectou com o HIV durante a primeira relação sexual em uma viagem num cruzeiro marítimo. Mas com apoio da família, de classe média alta, ela decidiu erguer a cabeça e lutar pela vida na época em que ainda não existia o coquetel de medicamentos contra a aids.

“O livro escrito pela Valéria ajuda muito na educação sexual dos adolescentes”, ressalta Dib Carneiro. “Meu grande desafio ao passar a história para o teatro foi justamente tentar manter a mesma linguagem jovem e dinâmica adotada por ela. Precisava falar de aids, sem parecer uma aula chata”, acrescentou o autor da peça.

Abigail Wimer e o cenógrafo Márcio Vinícius (Foto: João Caldas)
Segundo a diretora geral e musical do espetáculo, Abigail Wimer, o elenco está “bem acordado” no que se refere à prevenção do HIV. “A peça despertou nos atores um senso muito crítico de como lidar com a sexualidade. Alguns deles perceberam durante as encenações que já passaram por alguma situação de risco, e agora estão bem mais atentos”, acrescenta, Márcio Vinícius, responsável pelo cenário e
figurino, disse que a produção dos materiais da peça exige um olhar mais sustentável. “As madeiras que vamos usar para o cenário, por exemplo, são de reflorestamento. O espetáculo fala da vida humana, e não podíamos descartar a responsabilidade social no nosso trabalho também”, explicou. 

O elenco
Catorze jovens atores foram selecionados para formar o elenco por meio de testes.


Para Léo Stefanini, que irá interpretar o pai da Valéria na peça, a montagem ajudará a divulgar mais informações sobre aids. “Está muito claro para mim que o vírus HIV já não tem mais a mesma atenção dos veículos de comunicação”, comentou. Camila Minhoto, a mãe da Valéria na peça, contou que depois que começou a participar dessa produção que passou a fazer uma reavaliação sobre preconceitos.

Geraldo Rodrigues, que viverá no palco o personagem Dr. Infecto, disse que a peça o fez pensar na importância da intimidade sexual. “O amor representa também cuidado com você e com o outro. Acho que aquele que ama também não pode se esquecer de se proteger e de proteger o outro numa relação sexual, por exemplo”, enfatizou.

A atriz Charlene Chagas, que teve participações nas novelas da Globo Passione e Caminhos das Índias, acredita que integrar o elenco desta peça acrescentou muito no seu conhecimento sobre a doença. “Sabia o básico da aids, como pega e como não pega, mas não sabia, por exemplo, como vivem hoje as pessoas com HIV, como é o convívio delas na sociedade”, finalizou.
Elenco: Carol Capacle, Geraldo Rodrigues, Rafael Sola (na frente), Mariana Leme, Maria Bia, Giovani Tozi, Daphne Bozaski, Naiara de Castro, Eliot Tosta (no meio), Osvaldo Antunes e Camila Minhoto (atrás) - (Foto: João Caldas)                                                                                    

Parceiros
Representantes de organizações que atuam na área da saúde e da cultura que estão ajudando ou que podem vir ajudar na execução da peça também estiveram no almoço.O chefe da Representação do Ministério da Cultura em São Paulo, Tadeu Di Pietro, disse que “o teatro é uma maneira gostosa e dinâmica de levarinformações aos jovens que não têm o costume de ler”. Rodolfo Pereira, do laboratório Bristol-Myers Squibb, também ressaltou que o teatro é uma forma de trazer o “tema aids para a discussão das pessoas de maneira light”. Valéria Lapa, coordenadora de Comunicação Corporativa da mineradora Anglo American, falou sobre a importância de lembrar que a aids ainda é um problema grave e que atinge milhares de pessoas.


O produtor Maurício Barreira, o chefe da representação do Minc em SP Tadeu di Pietro, o iluminador Domingos Quintiliano, Roseli Tardelli, Abigail Wimer e Rodolfo Pereira, da Bristol-Myers Squibb (Foto: João Caldas)

A superintendente de operações do SENAC, Lucila Mara Sbrama Sciotti, disse que “ampliar a informação sobre um assunto tão sério é uma maneira de colaborar para a formação cidadã dos adolescentes e jovens.”
 Já Flávia Bolaffi, do SESC Consolação, lembrou que muitas pessoas vão assistir o espetáculo por conta da temática aids e terão mais contato com as artes cênicas. “É evidente que nessa peça a arte será usada para informar sobre um tema da saúde, mas acho que também será comum as pessoas da área da saúde serem de alguma forma tocadas pela arte.

A peça “Depois Daquela Viagem” está prevista para estrear em outubro no SESC Consolação. 
Dib Carneiro, Roseli Tardelli, Abigail Wimer, a superintendente de operações do Senac Lucila Sciotti e a coordenadora de comunicação corporativa da mineradora Anglo American Valéria Lapa (Foto: João Caldas)

Na mídia

A montagem do espetáculo "Depois Daquela Viagem" já está ganhando destaque na imprensa. “Políticos e artistas se reúnem hoje para apoiar peça, que estreia em outubro, sobre Valeria Polizzi e o HIV. No Rubaiyat da Alameda Santos”, informou a jornalista Sonia Racy em sua coluna Direto da Fonte publicada no jornal O Estado de S.Paulo na sexta-feira, 12 de agosto.


Diretora e elenco com Sérgio Luiz e Flávia Bolaffi do Sesc (Foto: João Caldas)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Estreia 5 de outubro no SESC CONSOLAÇÃO

Depois Daquela Viagem é uma adaptação teatral, escrita pelo jornalista e dramaturgo Dib Carneiro Neto (Prêmio Shell de autor em 2008), do livro homônimo de Valéria Piassa Polizzi, editado pela Ática em 1997. O livro já passou a marca dos 100 mil leitores ­– ou seja, um público potencial para ver a peça em todo o Brasil. O livro já foi publicado em vários países, como Itália, Alemanha, Argentina e México. No tom coloquial próprio dos jovens, Valéria relata com bom humor e descontração as farras com a turma de amigos, o despertar da sexualidade e muitas outras coisas que atormentam qualquer adolescente.


 Tudo isso seria natural se não fosse por um pequeno detalhe que iria fazer uma enorme diferença: Valéria contraiu o vírus da AIDS aos 16 anos, porque, segundo ela mesma, “transei sem camisinha”. No livro, ela mostra como, de repente, por causa de quatro letrinhas, sua vida passou por uma reavaliação radical. Ela expõe como a doença mexeu com sua cabeça e com seus sentimentos. É um testemunho de coragem e determinação de levar a vida adiante, de aprender a viver com o vírus – e viver bem.
Voltada prioritariamente (mas não só) para o público jovem, na faixa dos 10 aos 18 anos, esta é uma peça, mais do que tudo, sobre o preconceito – um tema que começa a fazer sentido na adolescência, época em que mais se questiona o sentido da vida, a essência das relações e, sobretudo, o futuro. A partir de um caso específico de indicação soropositiva na personagem central, o preconceito aparece na trama sob várias formas: raça, deficiências físicas, sexo. Mas nunca em tom de lição de moral. Ao se falar de preconceito, a ideia fundamental é ensinar a tolerância.
Com relação à AIDS, o espetáculo é um alerta – infelizmente, ainda muito atual – para que os jovens não voltem a se expor às conseqüências da desinformação, não só quanto às formas de se contaminar, mas também em relação a “o que é viver com o vírus da AIDS no seu corpo”. É possível viver muito bem a vida, apesar do vírus – esse é o testemunho maior da personagem central. Daí a importância desse tema hoje e de se montar uma peça de teatro para jovens, voltada para esse assunto que tanto incomoda aqueles que estão se iniciando na vida sexual e vivem cheios de dúvidas, embora gostem de aparentar uma segurança que definitivamente não têm.
 A prevenção ainda é a melhor maneira de enfrentar a AIDS – e a melhor maneira de se prevenir é informando-se. Esta peça vai ajudar nessa conscientização, sem ser chata nem didática, mas falando a língua dos jovens – tão pouco contemplados com montagens teatrais voltadas para seus interesses. O público adolescente é hoje um filão pouco explorado e aproveitado na área cultural.
Depois Daquela Viagem é um espetáculo assim, voltado para o público jovem, e que agrega a seus inegáveis valores artísticos e culturais um amplo componente de compromisso social. O fato de ter como personagem principal uma adolescente soropositiva garante à peça um grande apelo educacional, capaz de atrair a atenção de educadores, psicólogos e professores, interessados na conscientização dos jovens para a prevenção à aids e na educação sexual no sentido mais amplo.
Ensinar como é importante usar camisinha, de forma criativa e sem os ranços professorais que na maioria das vezes só atrapalham – eis o desafio vencido pelo texto de Depois Daquela Viagem.