Depois Daquela Viagem é uma adaptação teatral, escrita pelo jornalista e dramaturgo Dib Carneiro Neto (Prêmio Shell de autor em 2008), do livro homônimo de Valéria Piassa Polizzi, editado pela Ática em 1997. O livro já passou a marca dos 100 mil leitores – ou seja, um público potencial para ver a peça em todo o Brasil. O livro já foi publicado em vários países, como Itália, Alemanha, Argentina e México. No tom coloquial próprio dos jovens, Valéria relata com bom humor e descontração as farras com a turma de amigos, o despertar da sexualidade e muitas outras coisas que atormentam qualquer adolescente.
Tudo isso seria natural se não fosse por um pequeno detalhe que iria fazer uma enorme diferença: Valéria contraiu o vírus da AIDS aos 16 anos, porque, segundo ela mesma, “transei sem camisinha”. No livro, ela mostra como, de repente, por causa de quatro letrinhas, sua vida passou por uma reavaliação radical. Ela expõe como a doença mexeu com sua cabeça e com seus sentimentos. É um testemunho de coragem e determinação de levar a vida adiante, de aprender a viver com o vírus – e viver bem.
Tudo isso seria natural se não fosse por um pequeno detalhe que iria fazer uma enorme diferença: Valéria contraiu o vírus da AIDS aos 16 anos, porque, segundo ela mesma, “transei sem camisinha”. No livro, ela mostra como, de repente, por causa de quatro letrinhas, sua vida passou por uma reavaliação radical. Ela expõe como a doença mexeu com sua cabeça e com seus sentimentos. É um testemunho de coragem e determinação de levar a vida adiante, de aprender a viver com o vírus – e viver bem.
Voltada prioritariamente (mas não só) para o público jovem, na faixa dos 10 aos 18 anos, esta é uma peça, mais do que tudo, sobre o preconceito – um tema que começa a fazer sentido na adolescência, época em que mais se questiona o sentido da vida, a essência das relações e, sobretudo, o futuro. A partir de um caso específico de indicação soropositiva na personagem central, o preconceito aparece na trama sob várias formas: raça, deficiências físicas, sexo. Mas nunca em tom de lição de moral. Ao se falar de preconceito, a ideia fundamental é ensinar a tolerância.
Com relação à AIDS, o espetáculo é um alerta – infelizmente, ainda muito atual – para que os jovens não voltem a se expor às conseqüências da desinformação, não só quanto às formas de se contaminar, mas também em relação a “o que é viver com o vírus da AIDS no seu corpo”. É possível viver muito bem a vida, apesar do vírus – esse é o testemunho maior da personagem central. Daí a importância desse tema hoje e de se montar uma peça de teatro para jovens, voltada para esse assunto que tanto incomoda aqueles que estão se iniciando na vida sexual e vivem cheios de dúvidas, embora gostem de aparentar uma segurança que definitivamente não têm.
A prevenção ainda é a melhor maneira de enfrentar a AIDS – e a melhor maneira de se prevenir é informando-se. Esta peça vai ajudar nessa conscientização, sem ser chata nem didática, mas falando a língua dos jovens – tão pouco contemplados com montagens teatrais voltadas para seus interesses. O público adolescente é hoje um filão pouco explorado e aproveitado na área cultural.
Depois Daquela Viagem é um espetáculo assim, voltado para o público jovem, e que agrega a seus inegáveis valores artísticos e culturais um amplo componente de compromisso social. O fato de ter como personagem principal uma adolescente soropositiva garante à peça um grande apelo educacional, capaz de atrair a atenção de educadores, psicólogos e professores, interessados na conscientização dos jovens para a prevenção à aids e na educação sexual no sentido mais amplo.
Ensinar como é importante usar camisinha, de forma criativa e sem os ranços professorais que na maioria das vezes só atrapalham – eis o desafio vencido pelo texto de Depois Daquela Viagem.
Vamos que vamos, pessoa! Estou louca pra ver minha história no palco!
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