segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ENTREVISTA DA VALÉRIA PARA DIÁRIO DE CUIABÁ

http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=398262

ADAPTAÇÃO


Depois daquela viagem


Há mais de vinte anos escritora lançou livro, que vai para o teatro, narrando experiência como portadora do HIV


Martha Baptista
Da Reportagem


Na segunda metade dos anos 1980, quando o assunto Aids ainda era um imenso tabu, a paulistana Valéria Piassa Polizzi contraiu o vírus do hiv depois de um inocente cruzeiro ao lado da família, em que conheceu seu primeiro namorado. Durante um bom tempo sofreu muito com o estigma de que a doença matava e achou que não teria muito tempo de vida. Hoje, mais de 20 anos depois, Valéria é uma escritora consagrada e aguarda ansiosamente a estreia da peça “Depois daquela viagem”, uma adaptação do livro lançado por ela em 1997.

“Depois daquela viagem – diário de bordo de uma jovem que aprendeu a viver com aids” (Ática) foi traduzido para vários idiomas e lançado com sucesso em diversos países europeus e da América Latina. Virou referência para uma geração de jovens, que assistia a palestras com a autora em que ela alertava para os riscos do sexo sem o uso de preservativos. A obra não perdeu sua atualidade e prova disso é sua adaptação para o palco, 14 anos após o lançamento da primeira edição brasileira. A estreia da peça “Depois daquela viagem” está marcada para o dia 5 de outubro, no Sesc Consolação, em São Paulo.

A própria Valéria está entusiasmada com essa nova aventura, principalmente, por confiar tanto na equipe que trabalha na adaptação teatral. Na verdade, essa viagem começou há 10 anos, segundo a autora, quando o jornalista e crítico de teatro infantil Dib Carneiro Neto, procurou-a para dizer que tinha adaptado seu livro para palco.

Dib, continua Valéria, estava iniciando sua carreira de dramaturgo e esse era o segundo texto que adaptava.

“Li e gostei muito. Dib é um ‘adaptador’ sensível. Conversamos, trocamos ideias, ele entendendo as minhas, eu as dele. O texto da peça ficou redondinho, só faltava ser montada”, conta a autora seu blog “Meus quipus”(http://valeriapiassapolizzi.blogspot.com/)

OS CORUJINHAS

Enquanto Dib iniciava uma carreira vitoriosa como dramaturgo, Valéria ia tocando a vida como escritora (ela tem outros livros publicados), cronista (de revistas teen como “Atrevida”) e estudante (formou-se em Comunicação Social-Jornalismo e fez uma pós-graduação em Criação Literária). Casou-se e hoje vive boa parte do ano na Europa, ao lado do marido austríaco.

No ano passado, o projeto “Depois daquela viagem” no teatro retomou seu fôlego, com a entrada da jornalista e produtora Roseli Tardelli, com quem Valéria trabalhou por um tempo na Agência de Notícias da Aids. Roseli convidou as gêmeas Abigail Wimer e Alcione Alves para dirigir o espetáculo.

“As gêmeas e mais três irmãos - a família coruja tem muitos artistas - formavam um grupo musical e de teatro infantil, Os Corujinhas, que encantaram crianças nas décadas de 70 e 80. Inclusive eu, que tinha até o LP deles!” – relata Valéria, que diz ter se apaixonado “à primeira vista” pelas irmãs.

O elenco de 14 atores foi escolhido por meio de testes e Valéria está acompanhando todo o processo por meio do blog criado especialmente pela equipe da peça:http://depoisdaquelaviagemteatro.blogspot.com/

AUTOBIOGRAFIA


A autora conta que voltará ao Brasil no próximo dia 12 para acompanhar o último mês de ensaios. O livro “Depois daquela viagem” resiste ao tempo e se mantém atraente para jovens e adultos não só por tratar de uma doença ainda atual, mas por tocar em temas que são universais e perenes: como conflitos familiares, a descoberta e as decepções com o primeiro amor na adolescência e, principalmente, a angústia diante da possibilidade da morte quando ainda não se completou o primeiro ciclo da vida.

O livro tem algumas semelhanças com outro sucesso editorial brasileiro, o romance “Feliz Ano Velho”, escrito por Marcelo Rubens Paiva e lançado em 1982. Esta obra também parte de um drama pessoal (o autor ficou tetraplégico depois de bater a cabeça numa pedra num lago) e narra várias experiências de Marcelo, que é filho do deputado Rubens Paiva, assassinado durante a ditadura militar após ter sido levado para o quartel da Polícia do Exército, no bairro carioca da Tijuca. “Feliz Ano Velho” também foi adaptado para os palcos e, mais tarde, virou filme dirigido por Roberto Gervitz (1987).

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