sábado, 17 de setembro de 2011

Minha vida nessa viagem...

Bom, pra começar deixa eu me apresentar.
Sou Eliot tenho 23 anos e a notícia de fazer parte dessa jornada veio com um pouco de susto. Não tinha noção nenhuma do que aconteceria e nem de onde iria chegar.
Fiquei sabendo que faria parte do grupo em uma segunda-feira, após um fim de semana triste que deixei de ir para o interior ver minha família e amigos porque queria muito ser chamado para um teste. Muitos dos meus amigos foram chamados, inclusive os que eu indiquei e eu não. Então viajei.
Por isso acredito que nada acontece por acaso. Na segunda de manhã, desconsolado, eu ali vendo meus emails pensando em dali em diante, alguns projetos, mas que dependiam de outras pessoas, e o que fazer pra “agilizar”... Até que eu abro um email e esta falando mais ou menos assim: “segue abaixo a lista dos aprovados para a peça Depois daquela viagem, dirigida... com assistência de... adaptada por... livro de...” E fui descendo para ver os aprovados. Acho que o segundo ou terceiro nome era de uma amiga e agora companheira de peça Carol Capacle. Peguei o celular na hora pra ligar parabenizando e para perguntar se já estava sabendo, quando desço um pouco mais e encontro meu nome na lista e o da Charlene que havia feito o teste comigo. Na hora não acreditei, reli o email, liguei pra Carol e ela disse que já sabia, pois havia recebido um email antes, mas que faltavam mais alguns integrantes. Logo após liguei pra Charlene para avisar, que ainda não havia visto o email, ela também foi da segunda remessa de testes. Em falar nisso obrigado Caio pela indicação.
E foi aí, depois de fortes emoções que descobri que estava dentro desse lindo projeto. E fui descobrindo coisas e aprendendo muito com a temática que ele aborda, a AIDS. Passamos por conversas, debates com gente que entende muito do assunto, dados, como é receber a notícia, como o preconceito ainda é muito forte e muito mais. Entramos em um universo que por falta de informação era quase que desconhecido, e na verdade está muito mais presente em nossas vidas do que imaginamos. Aprendi isso em alguma de nossas conversas, quando foi citado que muita, mas muita gente é portadora do vírus, mas não tem conhecimento.
E também não podemos esquecer-nos das nossas conversas de roda, que foram e ainda são fundamentais. Onde se discute bastante, levantamos duvidas para tirar com o especialista, contamos “causos”, trocamos informações, riamos muitos, nos emocionamos muito, e assim o grupo Depois daquela viagem foi se formando.
Nossa eu vim aqui pra falar da conversa com o Infectologista, mas acabei narrando toda minha trajetória antes.
Bom, tivemos duas conversas com o Infecto, inicialmente certo receio em perguntar, mas com o passar do tempo tivemos uma chuva de perguntas, o segundo encontro então nem se fala. Se houver um terceiro encontro tenho certeza que questionamento não vai faltar. Perguntamos muitas coisas, desde como surgiu, como foi o início aqui no Brasil, como as pessoas lidaram e lidam o surgimento dos remédios. Como a peça trata do assunto visto por vários pontos de vista, queríamos a maior quantidade de informação. É difícil citar uma única coisa que aprendemos, porque aprendemos MUITO.
Pra falar sobre mudança de conceitos não posso falar pelo grupo, pois tenho certeza que diante cada pergunta um filme se passava em cada cabeça. Saber como é difícil o tratamento e seus efeitos. Até mesmo na aceitação do paciente em começar a tomar os remédios, em contar para as pessoas e como contar. Ai entra numa questão muito pessoal, tenho certeza que todos nós que entramos nessa jornada já nos colocamos no lugar, como agiríamos, pra quem contaríamos. Eu vim ler o livro depois da peça, emprestado da menina que mora comigo, que ela leu na sétima série, e a cada momento e cada passagem eu imaginava como devia ser difícil e como eu agiria. Uma catarse. Fico imensamente agradecido de estar vivendo tudo isso, essa peça me despertou em muitas coisas, da precaução aos valores e como conduzir a vida. Acho que fui um pouco confuso né? Queria inicialmente falar da conversa com o Infecto mas dei voltas e cheguei aqui. Acho que viajo muito nos meus pensamos, preciso de um mapa pra não me perder. RSRS
Então é isso, agradeço o aprendizado de cada dia e a todos que estão conosco nessa linda viagem. Nada acontece por acaso. Beijos.
Eliot

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